Wednesday, February 15, 2012

91 - A Dança da Chuva

"Tar and Feather" flower
Poucos a viram praticar ao vivo, mas faz parte do imaginário colectivo: as tribos primitivas que dançam em círculos, pedindo aos deuses que do céu caia a água da vida. Mas, na realidade, apesar das missas, das velas e das procissões, a nossa tribo continua em seca múltipla: falta de chuva, de razão, de desenvolvimento e de futuro.
Falta de chuva: O aquecimento climático aumenta os excessos meteorológicos, sejam eles secas, inundações ou tempestades. Diminuem as zonas temperadas de habitação humana e com elas a fiabilidade do calendário de sucessão das estações, do acesso à água e da produção agrícola. Depois dum Inverno seco, metade do país está em situação de desastre ambiental.
Falta de razão: As deficiências do sistema de educação e a indigência de muitas famílias, são responsáveis pela falta de educação científica e de capacidade de raciocínio lógico da maioria da população. “Oxalá”, “se Deus quiser”, “a culpa é do governo”, substituem a análise racional dos problemas seguida de decisões oportunas, sejam individuais ou colectivas. Os meios de comunicação (mesmo os estatais!) estão cheios de fala-barato, cartomantes, astrólogos, pastores de passa-para-cá-o-pouco-dinheiro-que-tens-idiota e outros aldrabões, que nos antigos filmes de cowboys apareciam a fugir das cidades do Far West cobertos de alcatrão e de penas...
Falta de desenvolvimento: A globalização do comércio aumenta as disparidades de produção, de distribuição e acesso, de consumo, de rendimento de pessoas e empresas. A competição favorece os mais capazes, desprotege os menos preparados e equaliza oportunidades. Os rendimentos dos indivíduos, das empresas e dos países, sobem ou descem nesta competição darwiniana, sem consideração de fronteiras, níveis de desenvolvimento ou de solidariedade social. The survival of the fittest.
        Falta de futuro: Portugal é um país com uma percentagem de gente inteligente e capaz igual à dos países mais desenvolvidos, mas continua a ser dominado por cliques sem qualidade. Revolucionários de pacotilha, políticos criados nos serralhos das igrejas ou das sociedades maçónicas, escritores cujos “homens mais sábios que conheceram não sabiam ler nem escrever”, empresários pendurados nas benesses do estado, consumidores deslumbrados com o crédito fácil. Como em outros países europeus, os rendeiros serôdios de comunismos e fascismos que ultrapassaram o prazo de validade na prateleira do supermercado das ideias, têm a pesada responsabilidade de enviar uma geração inteira para o caixote do lixo da história. 
Sem crescimento um país pára e parar é morrer.
JSR

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