Wednesday, November 28, 2012

134 - De Vez em Quando, a TSF...


Ontem às 22:44
José Soromenho Ramos lembra que a «Grécia se tornou um protetorado europeu» e que, neste momento, a «liberdade dos gregos está extremamente coibida».

Noticiário das 22h00 
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Eurogrupo teve decisão desesperada em relação à Grécia, diz economista

Publicado ontem às 22:44

José Soromenho Ramos lembra que a «Grécia se tornou um protetorado europeu» e que, neste momento, a «liberdade dos gregos está extremamente coibida».


O economista José Soromenho Ramos entende que o Eurogrupo tomou uma decisão desesperada em relação à Grécia e que é «preciso cuidado com os entusiasmos em Portugal» em relação a este acordo.
Ouvido pela TSF, este antigo conselheiro do FMI e da OCDE lembrou que «uma das consequências do que se está a passar com a Grécia é que a Grécia se tornou um protetorado europeu».
«A liberdade dos gregos está extremamente coibida por acordos e decisões. E não é de forma nenhuma certa que eles consigam cumprir estes acordos que são de tal forma favoráveis com a possibilidade de perdoar uma parte da dívida», explicou.
José Soromenho Ramos explicou ainda que se sabe se Portugal quererá aumentar prazos de pagamento, porque isso coloca o país «numa situação, de certa maneira, de protetorado, como vão estar os gregos durante muitos anos».
«É evidente que Portugal precisa de fazer as reformas necessárias para fazer relançar a economia», acrescentou este consultor da Universidade das Nações Unidas.
Este economista é ainda de opinião que Portugal deve tentar renegociar alguns pontos do acordo com a troika para que se possa aliviar a pressão sobre o país.
«Acho que se deve avaliar caso a caso até que ponto é que o acesso a novos fundos a prazos mais longos aumenta a liberdade de movimentos do país e não o tolhe», disse.
Para José Soromenho Ramos, «não é vantajoso tentar aproveitar qualquer coisa que diminua o peso temporariamente, mas acabe por tornar mais difícil a recuperação eficaz da economia».

Friday, November 23, 2012

133 - Dangerous Delusions

The so-called “Arab Spring” is turning into the winter of everybody’s discontent.
For many years, every time a regime has changed in that part of the world, it was for the worst. The local autocrats didn’t respect human rights or advance democracy, but at least tried to some extent to emulate the western social evolution in relation to secularization of the state, respect for all religions and advancement of women’s rights.
After the recent changes, countries like Iraq and Libya went back to the dark ages of fanatic religious sects and tribal fighting, Tunisia and now Egypt are fighting for survival against extremism, Syria descended into the hell of civil war and may bring Lebanon with it, Algeria, Jordan and Morocco are struggling for reform. The Gulf States are on the razor’s edge, on one side they are police states that bribe their citizens into quietness and on the other they suffer the blackmail of extremists, religious and other, who bleed their treasury in return for sparing them the mass demonstrations that led to revolt elsewhere.
The Muslim Brotherhood of Egypt and their brethren in other Arab countries is unsurprisingly taking over from the former despots and creating new ones, none the better than before. Morsi and his fellow Islamists are bent on creating a regime without any checks and balances, betting on the ignorant religious fervour of the masses to swallow it all. No courts, no participation of Christians (mostly Copts, who are the original Egyptians, those from before the Arab/Islamic invasion), non-participation of seculars or liberals in the writing of a new constitution. Another kind of caliphate in the making and the West is considering financing it.
Financing these regimes, there like elsewhere, is for no use and to no avail. In Afghanistan, the theft of almost one billion dollars led to the collapse of its largest bank. A brother of the President and a brother of his vice president were shareholders in the bank and it is obvious whose pockets were lined with the bounty, but they have not been charged with any wrongdoing. Instead, a few straw men are being tried, just for the sake of throwing sand into the eyes of the naive westerners who are propping up one more utterly corrupt regime.
There are many other examples of stupidity meeting extremism.  
Some pea-brained bigots, of whatever persuasion, in one of the boondoggles frequent in the wastelands of America, made a worthless film about Muhammad, considered a prophet by the followers of Islam. Other pea-brained bigots, Islamists this time, used the film as an excuse to go on rampage against everything American or western, killing in the process several diplomats and other innocents, considered expendable by the organizers of the demonstrations. 
In America’s hinterland, moronic televangelists and assorted preachers can sometimes compete in religious fanaticism, racist and bigot intolerance, with the Islamic sects. The major difference is in scale. Although some of those fanatics can actually kill, as they have already assassinated doctors who performed abortions, they have not reached the scale of massacre, the use of suicide bombers and attacks against women just for attending school, as seen in other parts of the world.
Fanaticism, the product of ignorance, poverty or cultural isolation, is a deadly threat to global human development. Unfortunately, it reaches even the developed countries where some of these communities live, or to where they emigrated or where they took refuge. Fanaticism does not accept or even understand the basic rules of civilized social life: that all people deserve respect, independently of race or sex, religion or lack of it, as well as their right to freedom in their life choices and opinions. Immigrant communities must respect the laws of the countries where they chose freely and sometimes illegally, to live in.
JSR

Saturday, November 17, 2012

132 - Os Universos Paralelos

Vivemos em universos paralelos. Último exemplo:
- Os palestinianos do Hamas, na Faixa de Gaza, incomodam as populações do sul de Israel com o envio constante de mísseis, provocando poucas vítimas  e muita apreensão devido à insegurança.
- Os israelitas ripostam sempre, bombardeando progressivamente grande parte da infra-estrutura militar e governamental do Hamas, eliminando pontualmente chefes e militantes, com muitas vítimas civis.
- Como o Hamas não pára de enviar os mísseis, o governo de Israel decreta a mobilização e ameaça invadir o território da Faixa de Gaza.
- As Nações Unidas, os USA e o Egipto, conseguem finalmente, após muitas conversações, impor um cessar fogo.
- Os palestinianos do Hamas celebram o cessar fogo como uma grande vitória.
- Os israelitas respiram de alívio por não precisarem de arriscar os seus soldados no vespeiro do Hamas.
- Todos os participantes sabem que o cessar fogo é instável e temporário.
Conclusão: os palestinianos, que estavam a levar uma grande coça, consideram o facto dos israelitas terem parado de lhes dar pancada como uma vitória... Estranhos motivos e estranha mentalidade.
O Médio Oriente foi o lugar onde a humanidade evoluiu de bandos nómadas a comunidades agrícolas, mas algures durante a história subsequente naquela parte do mundo perderam a noção da realidade. Tudo o que é bom é de origem sobrenatural, tudo o que é mau é culpa dos outros: do vizinho da frente, da tribo do lado, do expansionismo do país de cima, da seita predominante no emirato de baixo.
Todas as desculpas servem para não aceitarem as responsabilidades, individuais e colectivas, do seu próprio atraso e suas consequências. Para a maioria, são a ignorância, a pobreza e a dependência. Para os poucos que vivem das rendas do petróleo, são o esbanjamento, as sinecuras e o financiamento de grupos terroristas. Uns e outros terão amanhãs de enormes dificuldades. 
A convivência internacional é muito difícil, mesmo dentro do universo das democracias ocidentais. É frustrante negociar com o universo das quadrilhas de bandidos que se apropriaram do governo de vários países do mundo. Mas é quase impossível prever o que move os povos dos universos  distorcidos, onde são insensíveis aos argumentos da lógica e da razão, mesmo no seu próprio interesse.
Como podem estes diferentes universos comunicar? Mal. Quantas vezes, em longas negociações internacionais, a irritação leva a que se deseje que os respectivos deuses, profetas e mestres doutrinários, os ajudem, ou então o diabo que os carregue. Porque o diabo é com certeza comum a todos os universos. O primeiro a quem isso não aconteceu que atire a primeira pedra.
JSR

Saturday, November 10, 2012

131 - Estado de Negação

Uma parte da classe política portuguesa vive, ou está a atravessar, um estado de negação. As receitas do estado estão a diminuir e as protecções sociais também. As fantasias de prosperidade (a crédito) chocaram contra o muro da realidade (ter que pagar as dívidas) e os mitómanos refugiam-se na lamentação das dificuldades e na fé irracional em paraísos perdidos. Muito do que dizem seria desejável, se fosse possível.
As “boas almas” têm excelentes intenções, mas por mais que dancem em redor das fogueiras metafóricas, os deuses só ajudam quem se ajuda a si próprio. E todos querem ajudar-se politicamente, ao mesmo tempo que querem mostrar como são boas almas sociais, esquecendo-se da necessidade de assegurar o bem público final.
Os socialistas, na esteira dum xamã em fase tão avançada de confusão mental que já nem se lembra do que fez e disse num aperto nacional semelhante há cerca de trinta anos, querem voltar ao poder e para isso dizem tudo o que possa agradar à populaça. Promessas que nunca poderão ser cumpridas, mas que são veiculadas por media complacentes e acríticos. Mas se voltassem ao poder, voltariam a fazer o que fizerem antes e que não pode ser muito diferente do estão a fazer os que lá estão agora.  
Os comunistas enquistaram num “paraíso” dos trabalhadores, supostamente igualitário e já desacreditado, que orquestrou os maiores massacres da história, arruinou a União Soviética, permitiu o desenvolvimento duma aristocracia dos quadros do regime que se tornaram hoje numa cleptocracia de capitalismo selvagem. O mesmo aconteceu na China, onde a oligarquia do Partido único nem se deu ao trabalho de mudar de sigla, apenas usando o C de comunista como capitalista e enriquecendo à custa da exploração do povo.
Os bloquistas de esquerda incluem alguns espertos recalcitrantes, mais uns populistas irresponsáveis e outros maoistas retardados. Cumprem criteriosamente os seus papéis de inquisidores irritantes, para que os governantes não se acomodem no conforto dos palácios do estado.
Mesmo os companheiros ideológicos dos partidos no poder exibem publicamente as suas rabugices, sejam primas donas respeitáveis ou apenas membros duma geração cujo tempo já passou, sem que se apercebam ou aceitem o facto.
Num pequeno lago, até as percas podem parecer tubarões. Muito barulho, muita discussão e realmente para quase nada, sem grande importância. Do que se passa, do que se discute, do que se faz com verdadeira consequência, aparecem poucas notícias e menções de passagem. O triunfo da emoção sobre a substância.
Os herdeiros de Abril de 74, adoptaram uma constituição e outras leis, em geral bem intencionadas, descrevendo como se devia organizar uma nação ideal, democrática, igualitária, redistributiva e solidária. Arrumaram os poderes do estado, executivo, legislativo e judicial, duma forma sobreposta e confusa. Esqueceram-se, muitos até aos dias de hoje, duma parte essencial: a nação tem que ser economicamente viável. Por isso a constituição e muitas leis, de tão utópicas e detalhadas, tornaram-se caducas e um estorvo. Precisam de ser revistas, quando a maioria suficiente dos deputados conseguir perceber a boa ordem por que se devem fazer as coisas e legislar em consequência.
JSR 

Sunday, November 4, 2012

130 - Desânimos

É difícil viver num país em crise, no meio das dificuldades crescentes de muitos e das lamentações pomposas de alguns. Não há grande coisa de útil a comentar, quando o que se passa na espuma dos dias é largamente previsível e quando é mais eficaz agir com discrição do que especular com alarido.
As pessoas mais frágeis sofrem com o empobrecimento geral, enquanto os aproveitadores políticos, os exibicionistas mediáticos e os profissionais da agitação social, fazem, dizem e escrevem todas as enormidades que possam agradar às “massas”, às audiências angustiadas pelas dificuldades e mal informadas sobre a situação real do país.
A austeridade está para ficar. As utopias também.
O estado não pode gastar mais do que aquilo que recebe em impostos, de todos aqueles que podem pagar. Só uma mentalidade de escravos medievais, de servos da gleba, não compreende esta realidade simples. Continuam a proclamar que “eles”, os donos, os senhores, os governantes, só não distribuem riqueza a todos os que precisam porque não querem. Uma “árvore das patacas” escondida pela cabala dos poderosos. E ainda há quem acredite, resultado de muitos séculos de fé obrigatória, do “creio num Deus todo poderoso” e por consequência na capacidade de intervenção sobrenatural dos seus mensageiros.
Mas que alguns dos “senhores” são uns malandros, é o mínimo que se possa dizer. Uns quantos deslumbrados saídos dos aviários de jovens trepadores partidários, são por vezes apanhados em falcatruas financeiras, na corrupção da troca de favores, no abuso das funções do estado. Que nos prejudica a todos e muitos temos que pagar. Mas a justiça não funciona, as leis são escritas e aprovadas pelos mesmos que depois as usam para protelar indefinidamente qualquer decisão que prejudique os seus interesses. Assim dão mau nome a toda a classe política, de tal forma que o povo acaba por esquecer que a classe dirigente é composta também de gente competente, honesta e dedicada ao bem público, vinda de todos os quadrantes de opinião.
Esperamos ver a luz no fim do túnel, desde que o túnel tenha um fim próximo e no fim haja luz. Mas isso não depende nem só de nós, nem só de quem nos governa. E, francamente, de quem isso depende, na Europa e na América, a julgar pelo passado recente, não merecem grande confiança na capacidade de tomar decisões ousadas e em tempo útil.
JSR