Tuesday, December 13, 2011

78 - L’Europe en a eu assez de Directoires, Monsieur Sarkozy

Membre du Directoire Exécutif
- James Gillray
A Europa já teve uma história suficiente de Directórios. No caso presente, quando dois grandes países conseguem negociar uma convergência de interesses, a política e a democracia acabam subordinadas a teorias económicas já bolorentas. A França cede em quase toda a linha aos fantasmas alemães dos períodos de hiperinflação, em troca duma representação teatral de co-liderança para tentar esconder as suas próprias fragilidades.
A irritação provocada pelos parcos resultados deste último Conselho Europeu encontra uma possível escapatória na reflexão sobre os mitos fundadores da União, entre eles a suposta igualdade dos cidadãos em democracia e entre os estados no direito internacional. Uma falácia em ambos os casos.
Igualdade traduz-se, para os membros duma comunidade, pela posse e exercício dos mesmos direitos e deveres, sociais e políticos, numa democracia, o governo do povo pelo povo (ou através dos seus representantes, por ele eleitos). Porém, a experiência mostra que, mesmo partindo dum nivelamento revolucionário e compulsivo, acaba sempre por se desenvolver uma pequena classe de cidadãos “mais iguais” do que todos os outros.
Para os estados a igualdade é uma ficção baseada no respeito que devem merecer todas as soberanias na sua auto-determinação (supostamente sem interferências exteriores) e na participação voluntária em alianças e tratados. Todavia, o nível de desenvolvimento, a acumulação de riqueza, o peso da população e outros factores, entre os quais a firmeza e capacidade na gestão do estado, torna o peso das nações profundamente desigual nas suas relações.
Neste momento de necessidade e crise europeia, só o avanço rápido para o reforço ou criação de instituições federais, pode salvar do colapso o projecto de união progressiva de países tão desiguais. Também, só assim será possível preservar o exercício democrático dos cidadãos nos destinos da União, através de decisões tomadas pelos seus representantes eleitos para essas instituições e não por Directórios de circunstância.
JSR

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